Uma boa prática do viajante – mesmo que em locais que já bem conheça – é seguir as placas informativas, pois comummente conduzem-nos a boas surpresas.

Chegados a Santa Catarina, pequena aldeia situada paralelamente à estrada nacional que liga Montemor-o-Novo a Alcácer do Sal, logo no início da aldeia encontra-se uma placa indicando a existência de vestígios arqueológicos romanos. Lá fomos seguindo até que, junto à igreja local, encontrámos uma pequena área de escavação arqueológica, mostrando parte da estrutura de uma construção antiga, onde se destaca uma escadaria ampla, de grande dimensão, conduzindo a uma larga bacia, à data meia cheia de água, das abundantes chuvas deste Outono.

Através de uma rápida busca na Internet, constatou-se que são escassas as fontes sobre o tema, avultando apenas informação da Câmara Municipal de Alcácer do Sal, algumas notícias de órgãos de comunicação social sobre as últimas campanhas arqueológicas, bem como indicações de sites turísticos, estes sublinhando tratar-se de um destino apenas atractivo para apaixonados por história.

Em resumo, verifica-se tratar-se dos vestígios de uma vila romana, provavelmente de dimensões generosas, situada a poucos quilómetros de Salácia (a Alcácer do Sal romana). A construção encontra-se datada de meados do primeiro século antes de Cristo, ocupação essa que, na época romano, durou até aos séculos V / VI. Estaria localizada junto a um ribeiro, que ligaria a Salácia.  A piscina faz admitir tratar-se do complexo termal a vila romana, sendo as suas dimensões de 20 metros de comprimento, por 8 metros e 30 centímetros de largura. Foram encontrados pelos arqueólogos elementos cerâmicos e lucernas. Mais recentemente foi desenterrado um painel de mosaicos de grande dimensão, o primeiro de que há registo no concelho de Alcácer do Sal.

De acordo com o site do município, a existência dos restos arqueológicos romanos foi detectada em 1977, por ocasião do alargamento de uma das ruas da aldeia, sendo que apenas em 1986 e, depois, em 2006 / 2007 se realizaram trabalhos arqueológicos, retomados finalmente em 2022.

Se é certo que a diversidade e riqueza do património histórico existente em Portugal exige que se façam escolhas, limitando obviamente a possibilidade de estudo sistemático e aprofundado de todos os vestígios arqueológico identificados, ficamos com a sensação de que a dimensão e singularidade da piscina da vila romana de Santa Catarina de Sítimos justificava, ao menos, um trabalho mais alargado de identificação da dimensão real do achado, bem como a instalação no local de elementos informativos mínimos, em benefício de quem ama a história, como nós, mas também (e talvez principalmente) do vulgar turista, que atraído pela placa viária informativa ficará, porventura, frustrado pela crueza enigmática da área exposta pelo labor dos arqueólogos.

10 de Dezembro de 2023, Pedro Basto de Almeida