A dado passo das deambulações do GIFI, em Outubro de 1986 fomos surpreendidos durante uma conversa com funcionários do Turismo de Sintra, sobre motivos de interesse para efeitos de investigação, com a referência de que no Mourelinho, localidade próxima de Nafarros, viveria um sapateiro, homem já idosos, que seria um lobisomem.

No início de 1987, no âmbito de um conjunto de recolhas diversificado que realizámos na região de Sintra, lá fomos ao Mourelinho. O dito sapateiro, João Matias, já não era vivo, mas não faltava quem contasse a sua estranha história.

A voz local é que se tratava de uma pessoa que gostava de andar de noite, que “… corria e arranjava rancho para os animais”.

Certa vez, o sapateiro vinha da Várzea com um outro sujeito, conversando, quando “… às duas por três…” olhou para o lado e nunca mais o viu. Começaram então a dizer que era um lobisomem.

Outro habitante local viu-o a passar ao pé da sua casa e depois viu que era um burro.

Também contavam cm estranheza que o sapateiro passou por um grupo de rapazes do Mourelinho na Várzea e que depois o viram outra vez a passar em sentido contrário, desaparecendo de seguida. Embora sublinhando que o sapateiro estava normal, não se estando a transformar, as pessoas não deixavam de considerar tratar-se do fado do lobisomem.