A Sé de Braga é por demais conhecida enquanto monumento relevantíssimo daquela cidade minhota, intimamente relacionada com o arcebispado que desde a Idade Média confere especial lugar de destaque ao clero bracarense.

O claustro a que nos vamos referir data do século XIX, nada tendo, portanto, que ver com o claustro medieval daquele templo. Trata-se, assim, de uma parcela relativamente menor do conjunto edificado, tanto em termos históricos, como de um ponto de vista arquitectónico.

Tem, contudo, uma especial relevância em termos religiosos, no que se refere à religiosidade popular e suas práticas de fé.

Tanto em 2017, como mais recentemente em 2022, pudemos verificar a recorrência de práticas rituais espontâneas junto de várias estátuas de santos e outros elementos da decoração religiosa do claustro, somando-se às fórmulas que vemos repetidas, com naturalidade, em diversos locais de culto por todo o país, algumas particulares vincadamente locais.

Numa descrição breve e meramente circunstancial, correspondendo ao também retratado nas fotografias que integram este artigo, há que referir, antes de mais, a estátua de São Judas Tadeu – o padroeiro dos casos desesperados e sem remédio – rodeada de ramos de flores e com vários ex-votos colocados na sua proximidade – a imagem de uma criança em cera, um braço direito, igualmente em cera, junto ao qual foi colocado um papel manuscritos com os seguintes dizeres “tirar no fim do mês de …”. Junto a uma espécie de vaso encontrava-se um outro papel, igualmente manuscrito, com sentido semelhante e a data “31/10/22”. Já num outro elemento de cera, difícil de identificar (um rim ?) a menção escrita em papel pardo diz “Fica até 12/11/2022 obrigado”.

Junto à base de uma imagem de Cristo crucificado, um outro papel dobrado.

Já a imagem de S. Bento tinha a base rodeada por alguns papéis, enquanto a pequena urna que se encontra logo abaixo da estátua do Santo, onde se lê “Aqui jaz o corpo de S. Pedro Mártir…” tinha por cima um elemento de cera – uns intestinos ? – com o inevitável papel manuscrito por cima, onde se lê “Obrigado por tirar os cravos ao meu filho! Por favor ajude a deparecer (sic) os últimos”.

Junto aos pés e da base da peanha da imagem românica de um Bispo jaziam diversas orelhas em cera.

Na pesquisa efectuada até ao momento, não lográmos obter qualquer tipo de referência, ainda que genérica, quanto à religiosidade popular patente do claustro da Sé de Braga.

Há, contudo, uma excepção no que se refere à disponibilidade de informação adicional sobre estes cultos específicos.

Numa pequena capela lateral encontra-se o túmulo da Irmã Maria Estrela Divina, estigmatizada a quem os crentes atribuem caracteres de santidades, que morreu em 23 de Maio de 1955. Para referência à sua biografia e algumas notas sobre o culto, pode consultar-se o blog http://irmamariaestreladivina.blogspot.com/, que, de toda a forma, foi o único elemento identificado sobre o culto que encontrámos na Internet.